quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Residência Multiprofissional - na visão de um residente

Em 2006, é criada o Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família da Faculdade de Medicina de Marília (Famema), contemplando cinco profissões que estão inseridas na atenção básica e suas
ações deveriam ser norteadas levando em consideração as atenções às necessidades individuais, coletivas e gestão ou processo de trabalho.

Sabe-se que uma das prioridades no processo ensino-aprendizagem nesta instituição é formar profissionais que atuem na lógica do modelo biopsicossocial. No entanto, ao invés dessa pós-graduação aproximar e contribuir para que tal formação seja preconizada também neste cenário, não é integrada com a graduação, mas sim ilhada e esquecida pelos dirigentes.

A metodologia utilizada tenta camuflar o descompromisso de alguns membros formadores com o programa, além das fragilidades técnicas dos mesmos. Tais fatos são exemplificados nas ausências deles nas atividades práticas e teóricas, desconhecimento e/ou não aprofundamento de noções básicas de saúde coletiva bem como da realidade das USF’s (Unidades de Saúde da Família). Tudo isso repercute numa formação deficiente, acrítica, sobretudo, de extensão assistencialista em detrimento da extensão transformadora.

A parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Marília não é pactuada de forma clara, concomitantemente, está recheada de contradições. Em alguns momentos, não nos consideram como membros da equipe de saúde, nem do serviço, negando-nos oportunidades de realizar capacitações e até mesmo estágio eletivo, enquanto em outros momentos nos consideram como trabalhadores e mão-de-obra barata.

O que é mais espantoso é que tal fragilidade é vista, também, na parceria para os plantões com a própria instituição Famema e seus cenários de atuação, tais como: HCI, HC II e HC III. Nestes espaços encontramos grande dificuldade de aceitação por parte dos profissionais que lá trabalham, bem como dificuldade de aceitação para abertura dos espaços para nossa atuação, ao mesmo tempo, em determinadas áreas (fisioterapia e enfermagem) delegam inúmeras atividades aos residentes e se tornam rígidos a abrir as portas dos refeitórios para estes. 

Em relação aos cenários de práticas, as Unidades de Saúde da Família (USF) apresentam péssimas condições de trabalho, escassez de recursos materiais e humanos, baixíssima participação social nas decisões e grandes fragilidades na integração entre os iversos níveis de complexidade dos serviços de saúde municipal.

Conseqüentemente, há residentes frustrados e insatisfeitos com a formação e a realidade que encontram, os mesmos reforçam o modelo fragmentado e reducionista dos profissionais da rede e até mesmo alguns apresentam quadro de adoecimento.

O Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família tem cumprido a função pela qual foi criada pelo Ministério da Saúde? Ou seja, será que tem contribuído para a formação de profissionais diferenciados e que possam contribuir para a mudança do modelo assistencial de saúde, auxiliando na concretização dos princípios do SUS e efetivação do ESF em nosso país e município?

Fonte: Jornal Fratura Exposta - Diretório Acadêmico Christiano Altenfelder.
Publicação: Dezembro de 2010.

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